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Digitalização faz empresas driblarem baixa produtividade

Atualizado: 23 de mai.



O Brasil está fora do círculo dos países mais produtivos do mundo. Nossa baixa produtividade custou à indústria R$ 500 bilhões em 2022. O valor corresponde ao que seria um acréscimo de 5,6% no PIB, de acordo com um levantamento da Cogtive, startup que ajuda indústrias a aumentar a eficiência das linhas de produção. Não tem a ver com preguiça ou com as pausas para o cafezinho (embora sim, isso até pode ter alguma influência na sua produtividade pessoal). A questão é maior, ainda que parte dela esteja ligada a pessoas. “Em geral, os trabalhadores brasileiros têm baixa escolaridade e dificuldade de se colocar numa empresa mais moderna por não dominar tecnologias”, diz Fernando Veloso, pesquisador do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia).


Ainda assim, mudanças em processos e digitalização podem levar empresas a driblarem problemas macroeconômicos e dar saltos produtivos individuais. Desde 2021, a Nestlé trabalha com a startup Workverse para desenhar novos processos de onboarding, nada mais do que a integração de novos funcionários, digitais e gamificados. Hoje, o proesso é feito em 32 unidades de negócios da Nestlé.


O resultado foi uma economia de mais de 500 horas por mês do time de Recursos Humanos – ou mais de 20 dias de trabalho – e 60 horas de cada recém-contratado. “A redução da participação do time em processos de treinamento trouxe menos demandas operacionais relacionadas à integração de novas pessoas”, diz Izabel Azevedo, diretora de talento e cultura da Nestlé. 


A Workverse tem, entre os clientes, Vivo, Pepsico e Carrefour, que a contratam para melhorar seus processos de seleção e admissão. “70% das ofertas de emprego são aceitas em até 15 minutos e a admissão e o onboarding são 10 vezes mais rápidos”, diz Carolina Pereira Guimarães, COO e cofundadora da HR Tech.


Digitalização aumentou a produtividade da Natura

Enquanto a Irlanda produzia US$ 125,09 por hora, o Brasil produzia cerca de US$ 19,20. Até mesmo o Chile fazia mais no mesmo tempo, US$ 28,42, segundo dados de 2019 do World Population Review. Depois da Irlanda, os outros países no top 10 mais produtivos eram Luxemburgo, Dinamarca, Bélgica, Noruega, Suíça, França, Estados Unidos, Áustria e Suécia. 

Um brasileiro leva uma hora para fazer o mesmo produto ou serviço que um norte-americano faz em 15 minutos – e um alemão ou coreano, em 20 minutos. Entre os principais fatores que explicam a produtividade baixa local estão a complexidade do sistema tributário, que influencia investimentos, além da falta de infraestrutura para abrir e desenvolver negócios e, com isso, levar as organizações a um patamar mais alto. “O Brasil tem uma massa muito grande de empresas de produtividade baixíssima, mesmo comparado com Chile, México e China”, diz Veloso, da FGV.


A Motz, do grupo Votorantim, deu um salto de produtividade a partir de um diagnóstico feito pela HR Tech Kultua. Em uma pesquisa interna, 15% de seus colaboradores disseram esperar uma empresa mais estruturada e eficiente para se sentirem produtivos e realizados. Conforme esses temas foram tratados ao longo dos meses, esse grupo foi reduzido para 9%. A mudança na Motz foi relativamente simples: incluiu um levantamento para reduzir burocracias e demoras na tomada de decisão, bem como as falhas de planejamento que culminavam em prazos curtos e sobrecarga de trabalho. “Foi realizado um trabalho de liderança estratégica para redução desses obstáculos”, diz Lívia Brandini, CEO e fundadora da Kultua.


Um levantamento feito pela consultoria McKinsey mostrou, no entanto, que a transformação digital encabeça as práticas adotadas pelas empresas mais produtivas do mundo, com as quais devemos aprender. E o case da Nestlé reforça essa ideia. 


Na Natura, a digitalização dos processos de vendas ao consumidor, que começou há 10 anos com a ajuda da consultoria Accenture, levou a um salto de produtividade. Segundo a Natura, as consultoras que utilizam ferramentas digitais, como WhatsApp, outras redes sociais e a própria plataforma da empresa, têm produtividade 35% maior do que quando usavam os antigos catálogos de produtos. Hoje, 78% utilizam a plataforma digital da companhia como canal de comunicação e vendas. Essa transformação digital, portanto, nem sempre envolve ferramentas complexas.

Nesse caso, a plataforma reúne as principais promoções e lançamentos e permite atualizações constantes, substituindo as revistinhas e as compras apenas presenciais. As consultoras também têm acesso a uma biblioteca de imagens e vídeos para compartilhar em suas redes de divulgação, além de um catálogo de vendas digital que permite que as compras sejam feitas pelo site da Natura e vinculadas ao perfil da consultora – ou mesmo por WhatsApp. “No começo, a venda era através do boca a boca. Agora, com o uso da tecnologia impulsionado pela pandemia, é muito mais pelo WhatsApp”, diz Mara Ester, consultora da Natura desde 2018, sobre o crescimento exponencial e a economia de tempo que a força de vendas alcançou com a mudança para o canal digital.


Além da digitalização, o estudo da McKinsey cita outras práticas das empresas mais produtivas:


Investir em intangíveis: pesquisa e desenvolvimento, propriedade intelectual e capacidades da força de trabalho;

Construir uma força de trabalho pronta para o futuro: focar menos em qualificação e mais em experiências; treinar as pessoas em diversas áreas; expandir políticas de licença parental e creche para reter os melhores talentos e oferecer flexibilidade principalmente para mulheres e pessoas mais velhas;

Adotar uma abordagem ampla: maior conexão com cadeias e talentos globais e novos mercados.


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